terça-feira, 25 de maio de 2010

Flexas

Tenho uma estranha relação com as palavras. Um fascinio completo pelas criadoras de mundos, um sentimento de ter gratuitamente, na lingua e nas mãos o poder de mover montanhas. Admiro as palavras na sua simplicidade de ser e na imortalidade de seus significados. São como chaves discretas, que vem pelo ar a se instalar em nossa mente e abrir os reconditos de nossas memorias, soltar das jaulas as feras adormecidas e fazer falar a criança e o poeta que há dentro de nós. Já se dizia que flexa atirada e palavra dita não tem volta. E as flexas das palavras muitas vezes acertam o coração e dizem para o mundo que de nós emana vida. Flexas para o bem ou para o mal. Sem volta e sem perdão.
Então atire suas flexas e que elas voem alto e que elas ecoem a essencia do teu ser por toda eternidade.

sábado, 15 de maio de 2010

Sobre Campos e Mares

Já havia arado os campos, os alicerces estava firmes, havia lenha para a lareira e comida na mesa. Era bom sentir os pés firmes nos chão e saber que estava em ordem de novo. Os dias eram gratas surpresas e tudo renascia novo e bonito. E então ouvi que ao longe se aproximava o vento, um vento inocente, mas poderoso. Reconheci que os ventos de tua tempestade, doce e letal. Senti o tremor da força de teus terremotos, criados por tuas palavras. As tuas águas implacáveis vinham em minha direção com a sede dos teus maremotos.

Entorpecido sob o peso da surpresa, meu munfo foi tomado pela tua presença repentina, num retorno violento ao meu viver. Me vi arrastado, acorrentado mais uma vez após muito tempo da tua ausência que era a presença mais certa em meus dias. E como um joguete, fui levado levado ao sabor de tuas ondas, enquanto o sopro de tua voz me brindava com o caos que criaste em meu coração já sarado de tua doença.

Agora não há mais campos, nem alicerces, a lenha há muito se fora e sigo faminto, perdido em tuas águas sem saber nem como e nem por que...

Se é para ser dilúvio, então que me guarde pelo menos nas profundezas do teu ser.

Keep Walking

Por mais que os caminhos se alonguem à minha frente e o horizonte seja tão inalcansável como os limites do Universo, conto com a audácias de meus pés e a insistência de minhas pernas.
Do que me importa o manso sossego da dúvida ou a tediosa segurança do que é certo e previsível, adornado por suas estabilidade floridas, se não crescerei e não verei nada além de poucos raios de sol que são direito natural de qualquer pedra ou grão de areia?
O jogo das possibilidades futuras cujas cartas só verei se eu partir agora é o que me faz vivo, alimentado pela curiosidade e faminto por novas, claras manhãs e misteriosas e indecifráveis noites.

Por isso me beija e me faz levar você cravada em meu peito como se você fosse minha alma e meu coração.