quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Brisa sobre Brasa

Na invisivel da escuridão vi teus olhos, vivos, nitidos, brilhantes. Farois na noite do mar, a guiar entre as ondas furiosas os navios amendrontados. Na escuridão, senti teus olhos, o olhar quente como o fogo, ardente como o sol. Então me fiz vivo e viví dos teus olhos, nutrido pelo teu calor. Pude brincar com os séculos, vasculhar segredos do mundo e tudo fez sentido, como um grande mecanismo que funciona diante mim. Fui criança acalentada e jardim florido a esforçar de te mostar o que tenho de mais belo. E tu me envolveste em teus cabelos, numa prisão sem fim, da qual não cogitei liberdade, apenas manter-me cativo de teu olhar. Mas um dia, o que era fogo, tornou-se brasa, e de brasa tornou-se cinza e da cinza de tão leve que o vento leva e tudo se desfaz como se nada tivesse existido. Agora nada vejo, sinto o frio bater à minha porta e só me restam, em minha mão, um punhado de cinzas e lágrimas.