sexta-feira, 2 de março de 2012

Crime e Castigo

Fui roubado. Já não tenho a paz de outrora nem minhas guerras particulares. A minha paz roubada me fez declarar outras guerras enquanto minhas antigas guerras furtadas de mim foram substituídas por uma paz inquietante. Não sei onde estou e agora me pergunto quem sou. Se fora minha rotina, meu dia-a-dia, meu sol companheiro e minha noite amiga. Agora o que tenho uma realidade nova, uma nova fome, uma vontade de correr um caminho que me foi imposto. Levaram minhas conjecturas, minhas certezas e nem me restou minhas pobres teorias. Foi levado o meu céu cinza e minha melancolia. E mesmo roubado, fui brindado com a injustiça da paixão. Jogado na tua prisão, isolado na solitária. Como é estranho te ver, do outro lado da grade, definindo meus graus de liberdades, os limites do meu mundo, és minha ladra, e agora algoz.

Mesmo assim te perdoo, por que sei, que um dia tu quisestes me fazer assim, cativo, prisioneiro, roubado, é por que no fundo, você também está presa a mim.

Minha grande esperança é que um dia, ambos roubados, ambos presos, estejamos atras das mesmas grades.

sábado, 3 de setembro de 2011

Meu Reino pelos teu pensamentos

No que você está pensando agora? Vejo a pergunta que te faço nas placas, muros, nas letras luminosas da cidade, nos automóveis velozes. No que você está pensando agora? pergunto às paredes brancas, ao relógio incansável, no álcool que enche o copo e que eu batalho para esvaziar.No que você está pensando agora? Será que posso traduzir o enigma do teu sorriso? procuro entender os teus sinais, na linguagem do seu ir e vir descompromissado. Procuro te decifrar nas tuas orações. No que você está pensando agora? A pergunta vai e volta pelo dois hemisférios da angústia de andar no escuro, de passos medidos e pensados. Essa escuridão me faz tanto querer o menor dos raios, o mais débil eixe luz que passa pela fresta das janelas fechadas do quarto. No que você está pensando agora? Pergunto ao sono que não vem, pergunto ao estranho que me ignora, me pergunto e me ignoro, na fé inabalável de ter as respostas naquele livro que está abandonado na estante. No que você está pensando agora? Será que o pensamento é o que fala o coração, será que é o que reflete nos espelhos da alma, nos olhos fechado de quem adormeceu. No que você está pensando agora? Já não me importo, seu pensamentos não me pertencem, e de que me adiantaria saber as resposta se o que me faz mover é bater sempre à tua porta, saber se está bem, sentar ali e poder conversar e ouvir as batidas do teu coração.

Já não me importa o que pensas, já não quero conhecer o que vem à tua mente, apenas o que se passa em seu coração.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A vida em caixas

Os lugares têm memórias. Os lugares são testemunhas dos nossos segundos, do minutos que insistiam em voar, das horas que cruelmente se faziam curtas. Os lugares são eternos assim como as palavras, o toque, o afago e os risos. Só os lugares guardam segredos dos contos escrevemos com nosso próprio sangue, sendo nós mesmos, usando nossas peles. Um dia esse barco chegaria a um porto, onde um de nós seguiria viagem e numa estranha sociedade, um de nós herdaria os acenos à beira do cais.

Pelo menos me deixe as canções para que eu as leve debaixo do braço, junto das fotos no parque , junto com o par de nossas pegadas na areia que as ondas prepotentemente acham que apagam.

Por que o café quente está frio? Por que raios, esse azul não deixa de ser cinza? Por que a loteria não me acerta essa semana? Por que não quero levantar da cama? Por que ainda continuo a falar sozinho com as paredes, sonhando com você?

Agora vejo, que meu temor das palavras era real, que elas são cruéis se não tens a destreza ao usá-las. Elas também são terríveis quando elas querem sair e as prendemos, elas são leões famintos e feridos numa gaiola de pássaros.

Agora vejo que o fim chega e sua vida está em caixas esperando sua ida, e o ultimo abraço está lá fora a bater a porta, aguardando para entrar e dizer que é hora de partir.

Sua vida está em caixas, e aqui o eco se instala pela sala… pelo quarto… e na minha mente vazia.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Derrotas

Me flagro viciado em minhas derrotas. Não qualquer derrota, mas naquelas geradas pelo irresistível sentimento de te colocar em primeiro lugar em minhas preces. Na vital necessidade do teu cheiro. Nos momentos em que te vejo no azul do céu, na alegria das crianças, na paz dos velhos e na paixão dos namorados. Então, sigo derrotado, feito prisioneiro em um guerra que fiz questão de perder. Assim , você pôde me levar a todos os recônditos lugares do teu mundo, onde pude perceber, tudo que me faltava todo esse tempo em que fui estrangeiro em tuas terras.

Já não vejo como sair das tuas grades, se tudo que preciso está nos teus passos quando tu vens em minha direção, e sinto a fatal e imbatível sensação de bem que surge quando a distância entre nós diminui. Sendo cativo em tua cela, percebo que das milhares de palavras, das centenas de idiomas que o mundo já ouvi, elas se resumem a fazer minha boca pronúncia o teu nome. Teu nome é a oração que faz tudo que sou estremecer em um êxtase arrebatador de felicidade.

Aos teus ataques dos teus encantos, minhas muralhas caem como castelos de cartas ao vento. Vento este vindo do teu jeito sereno de pensar, na tua impaciencia, na demora com tuas inocentes vaidades de mulher, e no jeito de fazer tudo o que é cinza, se tornar cor e poesia.

Não faz sentido lutar, não faz sentido vitória sobre a sedução impercepitvel com que me envolves. Realmente não faz sentido, se meus desejos e meus anseios, meu choro e meu riso, meu nada e meu tudo se resumem na tua essência.

E assim, nessa agradável guerra de nós dois, por mais ilógico que pareça, baixo minhas armas e me rendo sem dúvida e sem medo.

Para todo o sempre.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Começo do começo

Te guardo no ar que respiras, e rapidamente escondo seguro em meu bolso o teu sorriso simples da mais simples simplicidade. Como em uma tela, pinto teu rosto e tua imagem nas paredes da minha memória, com a tinta que julgo ser feita com as cores do tempo. Guardo você como o fogo do eterno, e o deixo para sempre na minha efemera eternidade para que seja a água no meu deserto. Se não existem constelações que me fazem adormecer , tu serás sempre minha mais bela obra com as estrelas que escolho no céu. E ao deitar-me, todas as noites iluminarás meus sonhos. Quisera eu conhecer a essencia das hilárias composições e da rapida resposta informal que te faz ser o que é.

Se tu és palavra, tu te chamas alegria

sábado, 11 de setembro de 2010

Dias de inverno

Nos dias em que o inverno chega, as cores somem em fugas desesperadas. Nos dias em que o inverno chega, se é feliz pelos abraços. Nos dias em que o inverno chega, não há certezas, apenas talvez. Nos dias em que o inverno chega, as distâncias ficam menores. Nos dias em que o inverno chega, os olhos são tão distantes quanto o horizonte se fundindo ao céu. No dias em que o inverno chega, reza-se para que o mundo dê suas voltas. No dia em que o inverno chega, os sabores da presença são o calor dos sorrisos.

No dia em que o inverno vai, as cores voltam aos abraços na certeza da proximidade dos olhos, que rezam para que a vida continue repleta de sorrisos.

Mas do que me importa se é inverno ou verão, se tu és a razão das minhas manhãs de primavera e das felizes tardes de outono.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Branco do papel

Por onde andará minha alma? Através de que olhos distantes ela contempla o horizonte? Em que peito suspira nos fins de tardes? Por onde andará minha alma?
Em que caminhos devo andar, para que o acaso me surpreenda fazendo encontra-la? Através de que pés ela corre em direção à aurora? Como um rio quero que me leve em suas correntezas. Com que perfume ela seduz os corações? Com qual luz encanta sorrisos com seu sorriso? Onde se deita minha alma? E antes de adormecer, com que pensamentos fecha seus olhos e que sonhos habitam suas noites?
Que versos desesperados escreverá minha alma na solidão das rotinas? No papel em branco derrama seus sentimentos em formas de palavras, o que será que escreve?
De quem serei eu, a alma? Se vejo o avermelhado dos crespusculos, se meu peito se enche ansiedade e curiosidade, se meus pés correm pelo amanhecer, e quem levarei em minhas águas?
Sabemos que são as perguntas que movem o mundo e assim me movimento em sua direção.

E portanto, antes de fechar meus olhos e sonhar, escrevo esta carta desesperada no inquieto branco do papel.